Ucranianos distribuem Bíblias em meio à guerra: ‘Não há ateus nas trincheiras’
Recentemente, durante uma conferência no Fórum de Liderança Europeia — encontro anual cristão — ucranianos testemunharam ...

Recentemente, durante uma conferência no Fórum de Liderança Europeia — encontro anual cristão — ucranianos testemunharam o poder de transformação do Evangelho em meio à guerra.
Na sessão “O que está acontecendo na Ucrânia: vozes de pessoas no terreno”, um pastor de Kiev, que coordena projetos dentro e fora do país, abriu espaço para alguns testemunhos.
Na ocasião, quatro mulheres contaram uma lista de casos de cristãos que perderam a vida após serem atingidos por drones russos.
No entanto, apesar das circunstâncias desafiadoras, ainda há motivos de esperança: “Em meio a muitas coisas ruins, Deus também faz muitas obras”.
Como exemplo, as cristãs citaram o serviço de capelania militar, que era praticamente inexistente antes da guerra.
Agora, muitos cristãos servem nas forças armadas, levando esperança por meio de orações e estudo da Bíblia.
Alguns missionários na linha de frente distribuíram milhares de Bíblias à prova d'água e lideraram orações em grupo.
“Não encontramos nenhum ateu nas trincheiras”, disse um pastor que serve na frente de batalha.
‘Servir a Deus e as pessoas’
Desde o início da guerra, as igrejas evangélicas na Ucrânia estão lotadas. Uma congregação chegou a alimentar 17.000 pessoas nos três anos de guerra.
Assim como esta comunidade, centenas de outras igrejas prestam apoio psicológico e espiritual, promovem momentos de oração, oferecem abrigo de longo prazo, realocam pessoas em situação de necessidade para projetos em outras regiões e coordenam a recepção de milhões de euros em ajuda humanitária vinda de doadores de toda a Europa e de outros lugares do mundo.
Segundo o Evangelico Digital, a conferência terminou encorajando os participantes a se alegrarem com tudo o que Deus está fazendo por meio de seu povo na Ucrânia, mesmo em meio à dor, frustração e angústia.
“Uma menina me perguntou por que eu vim morar aqui. A resposta é simples: ‘O desejo de servir a Deus e às pessoas’”, afirmou uma missionária tcheca grávida que, junto com seu marido e um filho pequeno, se mudou para Kiev há um ano.
Desafios da guerra
Apesar do poder de Deus ser manifestado em meio ao caos, na conferência, as cristãs enfatizaram o trauma vivido pelas crianças e como elas também sentem o desgaste emocional e psicológico por meio das experiências de seus familiares.
No leste da Ucrânia, algumas crianças passam a ser alvo direto à medida que são transferidas para o controle russo, onde passam por um processo de ‘russificação’, no qual devem aprender símbolos e canções que glorificam a cultura do agressor.
Segundo as ucranianas, se a guerra continuar, algumas crianças serão enviadas de volta à Ucrânia para lutar contra seu país de origem.
Na ocasião, as mulheres também destacaram que, após tantos meses de perdas e destruição, não é apenas o resto do mundo que vem perdendo o interesse em um conflito que se arrastou com o tempo — são os próprios cidadãos que agora precisam seguir com suas vidas e encontrar formas de colocar a guerra em segundo plano.
“O assustador é atingir um estado de dessensibilização emocional que bloqueia sua capacidade de reagir humanamente ao que está acontecendo ao seu redor”, explicaram elas.
Assim que um homem é chamado para servir na linha de frente — seja ele um estudante ou um funcionário de escritório — sua vida muda drasticamente de um dia para o outro: “Pessoas normais passam por uma mudança de identidade”.
Já se passaram mais de 3 anos desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Durante esse período, 300.000 pessoas na Ucrânia sofreram algum tipo de deficiência devido à guerra. Cerca de 1,6 milhão de crianças se lembrarão da violência e do estresse de um conflito para o qual não estão emocionalmente preparadas.
Em 2021, 6,7 milhões dos 44 milhões de habitantes do país fugiram como refugiados — muitos para a Europa Ocidental. Outros 5 milhões estão deslocados internamente, buscando refúgio em áreas mais a oeste, longe das linhas de frente.